Diogo Silva
PME portuguesas têm maior dificuldade em obter financiamento
Um estudo realizado na Universidade de Aveiro por Daniela Fonseca Pinheiro, mostra que o crédito concedido às PME aumenta conforme a sua dimensão, liquidez e bens que possam ser dados como garantias. Os colaterais assumem ainda maior relevância num período marcado por uma crise económica.
As dificuldades que são sentidas relativamente ao acesso a financiamento, afetam a sustentabilidade financeira das PME, sobretudo as que não têm acesso a outras alternativas de financiamento e que ficam assim impedidas de crescer, inovar e aumentar a competitividade.
A conclusão é de Daniela Fonseca Pinheiro, num estudo realizado no âmbito do Mestrado em Economia na Universidade de Aveiro.
Daniela Pinheiro analisou o comportamento de 3190 pequenas e médias empresas portuguesas, no período entre 2011 e 2016, com o intuito de avaliar, de que forma a crise afetou o desempenho e o acesso ao financiamento dessas PME.
O trabalho académico revela que “para os bancos, as PME enfrentam maiores riscos (falhas de negócio, falência, fraco nível de capitalização), o que torna muitas vezes o financiamento pouco atrativo para as instituições financeiras.”.
Os resultados sugerem ainda que “são as empresas mais pequenas as mais afetadas no acesso ao financiamento, uma vez que apresentam uma menor probabilidade de sobrevivência, o que aumenta o risco de incumprimento comparativamente às grandes empresas.”.
A dificuldade no acesso ao financiamento tem sido sentida por parte das PME, mas também já foi reconhecida “pelo que, o apoio às PME tem sido uma das prioridades da Comissão Europeia para o crescimento económico, a criação de emprego e a coesão económica e social”.
A economista conclui ainda que “estudar também as vantagens de acesso a financiamento bancário por comparação com outros créditos relativamente às PME podem propiciar conclusões importantes sobre as melhores alternativas de estrutura de capital para as PME”.
Em suma, depreende-se através do estudo realizado que nas PME deve haver um ajuste e reposicionamento em períodos de crise. Contudo o trabalho e a atenção dada por parte das entidades competentes, devem ser realizados de uma forma mais relevante, tanto em tempos de recessão como progressão económica, pois estas desempenham um papel importante na economia portuguesa, formando a maioria do tecido empresarial português e contribuindo substancialmente para o produto interno bruto. Com isto é fundamental garantir o financiamento das PME, de modo a preservar o vigor financeiro necessário das mesmas, permitindo um investimento continuo e uma maior geração de valor.
Dissertação publicada em 2018, da autoria de Daniela Fonseca Pinheiro, no âmbito do Mestrado em Economia, na Universidade de Aveiro: https://ria.ua.pt/handle/10773/22863